quinta-feira, 10 de março de 2011

Campanha da Fraternidade critica exploração do pré-sal

A exploração do petróleo do pré-sal "não é essa maravilha toda", segundo documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançado ontem para a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema aborda o aquecimento global e as mudanças climáticas. O programa de exploração do pré-sal, uma das principais peças de campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, "exige o dispêndio de fortunas para a extração de um produto altamente poluente", disse a CNBB. "A exploração do pré-sal não é essa maravilha toda apresentada pelas propagandas governamentais", acrescenta o documento.

Sob o tema "Fraternidade e a vida no Planeta - A criação geme em dores de parto", a Campanha da Fraternidade da CNBB pretende criticar os setores que contribuem ao aumento do aquecimento global. Durante a apresentação da campanha, foram citados, além da exploração do pré-sal, o agronegócio e a geração de energia por meio de petróleo, gás natural e carvão.

"É a atividade que desperdiça e consome 70% da água doce utilizada no mundo. Os seus fertilizantes, além de contaminarem lagos e rios, já são causadores de zonas mortas nas águas marítimas litorâneas. Nesse modelo, questiona-se o compromisso para com a sustentabilidade da natureza e sua biodiversidade", diz o texto da campanha sobre o agronegócio.

Ontem, o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, fez críticas ao novo Código Florestal, em discussão no Congresso. Os pontos mais criticados foram a anistia a pessoas que cometeram crimes ambientais e a redução dos limites ambientais.

Segundo Dom Dimas, o novo código deveria tratar com mais respeito as populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas. "Estamos trabalhando para discutir formas alternativas ao relatório [do novo código]. Nossa preocupação é que não seja votado de forma superficial, apressada'', afirmou. O relator da nova legislação, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse que o texto pode ser aperfeiçoado.

A ideia da campanha é motivar ações que ajudem na preservação ambiental. "As enchentes em São Paulo, por exemplo, poderiam ser minimizadas se não houvesse aquela massa de detritos jogadas no rio", disse dom Dimas. "Desastres como o ocorrido na Região Serrana [do Rio] vêm alertar os governos para o problema da ocupação desordenada de encostas" avalia o secretário-geral da CNBB. Criada em 1964, a Campanha da Fraternidade aborda pela quarta vez um tema ambiental.  

(Com agências noticiosas)

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Professor UFPA. Doutor em Desenvolvimento Sustentável (UNB); MS. C. em Política Científica e Tecnológica (UNICAMP); economista (UMAM, México); Engenheiro Comercial (U. Chile).

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Itaú Unibanco mantém projeção de alta da taxa Selic e alerta para riscos

SÃO PAULO - O Itaú Unibanco mantém a projeção de altas adicionais da taxa Selic em 0,50 e 0,25 ponto percentual nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). 

Em relatório, o economista-chefe Ilan Goldfajn e o economista Caio Megale alertam, contudo, que a estratégia do Banco Central (BC) de combate à inflação traz riscos à sua convergência para o centro da meta - seja por repasses adicionais do choque de commodities, reindexação formal e informal de preços e salários.

Assim, o Itaú Unibanco avalia que mesmo com essas duas elevações do juro básico e já incorporando uma nova rodada de ações macroprudenciais o IPCA permanecerá perto do teto da meta este ano e acima do centro da meta em 2012.

Goldfajn e Megale afirmam que a surpresa da ata ficou por conta do cenário alternativo, no qual, com o câmbio estável próximo a R$ 1,65 por dólar e juros se elevando para 12,50%, o IPCA converge para em torno do centro da meta em 2012.

"Neste cenário, elevar os juros em adicionais 0,75 ponto já seria suficiente para trazer o IPCA de volta à meta. O Copom também abre a porta para uma nova rodada de medidas macroprudenciais. A surpresa é a indicação de que essa nova rodada poderia levar a um ajuste menor que os 0,75 ponto na taxa Selic. A frase foi interpretada como excessivamente confiante com a inflação prospectiva, já que não há indicação equivalente no sentido contrário, do que poderia levar a um ajuste maior na taxa de juros, caso o cenário se revele pior do que projetado pelo Comitê."
(Angela Bittencourt | Valor)

Copom eleva juro ao notar evolução desfavorável para inflação, diz ata

SÃO PAULO - O Comitê de Política Monetária (Copom) avalia persistir um nível de incerteza acima do usual no ambiente econômico e que "o cenário prospectivo para a inflação não evoluiu favoravelmente desde sua última reunião", em janeiro. O organismo observou riscos maiores à concretização de um quadro no qual a inflação "convirja tempestivamente para o valor central da meta".
A informação consta da ata da reunião realizada na semana passada, quando o Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juro, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. No texto, a instituição destaca que cabe à política monetária estar vigilante para assegurar "que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos".

"O Copom prevê dois momentos distintos para a trajetória de inflação, segundo o cenário central para 2011. Neste trimestre e nos dois seguintes, a inflação acumulada em 12 meses tende a permanecer em patamares similares ou mesmo superiores àquele em que atualmente se encontra. Isso, em parte, explica-se pela elevada inércia trazida de 2010 e pelo fato de as projeções, contrastando com o observado em 2010, apontarem taxas de inflação próximas ao padrão histórico no trimestre junho/agosto de 2011. Entretanto, a partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em 12 meses, ou seja, deslocando-se na direção da trajetória de metas", conforme o documento divulgado nesta quinta-feira.

O BC vê perspectivas favoráveis para a atividade econômica, citando o vigor no mercado de trabalho e apesar de um abrandamento, "em ritmo ainda incerto", do crescimento da demanda doméstica. Do ambiente externo, a percepção é de aumento da volatilidade e da aversão ao risco desde o encontro realizado em janeiro, em razão de "extraordinários níveis de liquidez global" e de eventos adversos no campo geopolítico.

(Juliana Cardoso | Valor)

Ciclo de alta da Selic entra na berlinda


SÃO PAULO - A insistência com que as medidas macroprudenciais foram destacadas na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) poderá levar o mercado a reavaliar, a toque de caixa, as projeções de mais alta da Selic nos próximos meses. A expectativa de analistas consultados às vésperas da definição da nova taxa de juro, agora em 11,75% ao ano, era de ciclo total de elevação da Selic em 1,50 ponto percentual, podendo chegar a 2 pontos.

O mercado futuro de juros, em queda para os contratos de DI de prazos mais curtos, indica a possibilidade de revisão de cenário.

No corpo da ata, divulgada nesta manhã, o Copom arrisca mencionar a política monetária como um segundo elemento para forçar a convergência da inflação para a meta. Já as ações macroprudenciais recentemente implementadas são consideradas "um instrumento rápido e potente para conter pressões localizadas de demanda".

Também num cenário alternativo - de manutenção da taxa de câmbio, no horizonte relevante, em patamares semelhantes aos observados no passado recente; e a trajetória de juros coletada pelo Gerin, a projeção de inflação se encontra acima da meta em 2011 e ligeiramente abaixo em 2012-- o Copom reforça que "a eventual introdução de ações macroprudenciais pode ensejar oportunidades para que a estratégia de política monetária seja reavaliada".

(Angela Bittencourt | Valor)

Combate à pobreza extrema - As críticas aos programas existentes são sérias


Brasil não está pronto para erradicar miséria, diz pesquisador



Renato Dagnino, especialista em Política Científica e Tecnológica e Planejamento em Ciência e Tecnologia, com Doutorado e Pós-Doutorado na área de ciência, tecnologia e inovação. Dagnino fez sérias críticas ao modelo de Combate à Pobreza Extrema, adotado pelo Governo Federal. O pesquisador é antigo membro do PT, histórico lutador e militante de esquerda. Perseguido pela ditadura militar, se exílio no Chile onde militou no movimento de esquerda do Chile. 

Recentemente foi cotado para ocupar uma secretaria do MCT, a Secretaria de Inclusão Social, mas essa indicação ficou não se concretizou e continua como professor da UNICAMP e da Universidade Federal da Bahia. Na realidade as críticas do Dagnino aos programas de erradicação da pobreza vêm ao encontro das críticas que muitos outros especialistas já tinham feito.

Essas críticas partem do próprio governo. Não se trata de continuar aprofundando o modelo de combate à pobreza, já existente, é necessário oferecer novas saídas para eliminar de vez a pobreza do Brasil.

A idéia de que "um País rico é um país sem pobreza" é correta. A Bolsa família é uma alternativa, mas o objetivo do programa é interromper o círculo perverso de "pai miserável, filho também miserável". O Programa devia tirar o filho da pobreza e melhorar as condições do pai para sair da pobreza e deixar de depender eternamente de um programa de transferência de renda Mas, leia a seguir as principais críticas do Dagnino sobre o combate à pobreza da Presidenta e também sobre a política de inclusão social do governo.


O Brasil não está pronto para erradicar a miséria nem para absorver a chamada nova classe média, avalia Renato Dagnino, professor titular no Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp. 


De acordo com ele, falta ao país o conhecimento tecnológico e científico adequado para a inclusão social ocorrer de forma sustentável social e ambientalmente. Por outro lado, Dagnino vê na erradicação da miséria uma "oportunidade de ouro" para repensar o tipo de conhecimento produzido no país.


A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha. (os parágrafos em destaques são nossos).


Folha - De que maneira a ascensão social ocorrida durante o governo Lula interfere na política de ciência e tecnologia do Brasil?
Renato Dagnino - De uma forma geral, a gente tem que pensar a política técnico-produtiva. Hoje, muitos produtos já não são encontrados no comércio, justamente pela ascensão desse grupo, que tem suas demandas de consumo. Além disso, frequentemente os produtos que demandam não são os que normalmente estão à venda. Existem tipos de produtos que são orientados a outro segmento de consumo. Pensando de uma forma global, o país deveria fazer um esforço para se antecipar a essa demanda e prevenir desequilíbrios.

Demandas de que tipo?
Por exemplo, necessidades básicas: habitação, esgoto, água potável, transporte etc. Toda essa parte que tem a ver com o gasto público, com uma obrigação do Estado. Existe aí forte demanda reprimida. Como vamos resolver esse tipo de problema com as tecnologias disponíveis, que foram pensadas como solução para uma situação totalmente diferente da brasileira? Caso se tente resolver muitos desses problemas com a mesma tecnologia usada nos países desenvolvidos, o custo será astronômico, e o impacto ambiental, desastroso. Além disso, estaremos usando tecnologias que não correspondem à escassez e abundância relativa de fatores. Essas tecnologias, por terem sido desenvolvidas em países avançados, empregam muito menos mão de obra do que poderiam empregar. Por uma razão simples: a mão de obra lá é cara. Aqui, a gente precisa de muita mão de obra, de preferência em coisas que possam ser construídas, desenvolvidas ou implantadas a partir da organização dos próprios trabalhadores, sem a necessidade de grandes empresas.

Por quê?
Quando o governo gasta recursos com empresas, utilizando seu enorme poder de compra para atender a essas necessidades dos cidadãos, uma parte do gasto é lucro da empresa. Há uma ineficiência nesse processo, pois o que chega na classe mais pobre é menos do que poderia chegar. Ou seja, o governo gasta um dinheiro razoável nessa tentativa de amenizar a miséria, mas deixa de aproveitar o seu poder de compra, que é muito grande, para alavancar esse processo.

Há alguma diferença entre os governos FHC, Lula e Dilma no que diz respeito às políticas de ciência e tecnologia?
Não. Na verdade, o que os dados disponíveis mostram é que vem diminuindo o gasto percentual das empresas em pesquisa e desenvolvimento. Isso é totalmente esperado. Trata-se de uma questão estrutural. Existem três bons negócios com tecnologia: roubar, copiar ou comprar. Desenvolver, só em último caso.

Se é mais racional que o empresário compre tecnologia, o Estado precisa ter um papel mais ativo?
Não adianta. Se somos um país capitalista, o Estado nunca terá condições de intervir para regular o mercado a ponto de "obrigar" um empresário a fazer algo que ele não queira. Em especial algo como desenvolver tecnologia.

E qual é a solução?
No caso brasileiro, não tem solução, e esse é o problema que o pessoal não entendeu ainda. Costuma-se dizer que o empresário brasileiro é "atrasado", que falta "clima de inovação", que ele tem que ser "mais ousado", mais "empreendedor". Ora, se tem empresário competente no mundo, é o brasileiro. E digo isso como toda a sinceridade. Basta ver o dinheiro que ganha, a taxa de lucro que tem num país como o Brasil. Agora, o processo de erradicação da miséria é uma oportunidade de ouro. Esse processo desvela uma enorme demanda reprimida por conhecimento. E não só conhecimento desincorporado, mas incorporado em bens, serviços, capacidade produtiva. Costumo dizer que 50% da população brasileira está fora do Brasil. Para fazer um país onde caiba todo o povo brasileiro em termos de consumo, de satisfação de necessidades de todo tipo, é preciso construir outro país do tamanho do que já existe. Não dá para fazer isso sem planejar antes. Está na hora de pensar esse processo de construção do Brasil que a gente quer, e isso não está sendo feito.

Não cabe ao governo o papel de fomentar essa discussão?
No caso da política de ciência e tecnologia, temos uma situação anômala. Em todas as políticas públicas, os atores sentam à mesa com seus projetos. Quando se discute a política salarial ou de emprego, por exemplo, empresários e trabalhadores aparecem claramente em áreas radicalmente opostas. Na ciência e tecnologia, porém, o projeto político não aparece. O que aparece são os mitos: neutralidade, determinismo, a ideia de que ciência e tecnologia sempre são boas e que o problema é o uso que vai se fazer. E há um complicador. Há 50 anos fala-se em participação pública na ciência. É um discurso politicamente correto, mas as pessoas parecem esquecer em que país estão vivendo. Por mais politicamente correto que seja, não posso concordar com isso. Qual a saída? Eu acho que é propor uma discussão dentro da comunidade de pesquisa. Explicitar essa esquizofrenia. A minha expectativa é que haja uma cisão dentro da comunidade de pesquisa, como existe em qualquer outra área quando o projeto político consegue se manifestar. Porque há projetos diferentes, mas hoje eles não se mostram.

Quanto dessa situação é novidade por causa do atual momento social e econômico do país?
Essa situação existe há muito tempo, mas, na medida em que há um dado novo, e esse dado novo obriga a uma expansão da capacidade produtiva, é hora de inovar com qualidade, e não fazer um simples aumento quantitativo da capacidade produtiva. Isso porque, quando se dobra a capacidade produtiva de um determinado sistema, o impacto indesejável do ponto de vista ambiental, cultural etc. pode até quintuplicar.

Desse ponto de vista, o senhor diria que o país está pronto para erradicar a miséria?
Do ponto de vista cognitivo, do ponto de vista de conhecimento científico-tecnológico, o país não está pronto de jeito nenhum.

E para absorver a chamada nova classe média?
Também não. Esse processo terá consequências ambientais e sociais. Acaba desfazendo de um lado o que faz do outro. Os programas compensatórios, como o Bolsa Família, são um caso típico. Sem gerar oportunidade de trabalho e renda para essas pessoas, não se está fazendo muita coisa.

Reportagem da Folha na sexta mostrou que a "porta de saída" do Bolsa Família terá, neste ano, o menor peso no Orçamento desde a criação do programa.
É um absurdo. O cara vai continuar excluído. Não vai passar fome, mas também não vai pertencer à sociedade, porque não terá um papel social. Estamos falando em criar oportunidades de trabalho e renda, o que não é necessariamente emprego.


Como assim?
Não é emprego formal, com carteira assinada. A economia cresce, mas não gera emprego. Aí entram a economia solidária e a tecnologia social, por exemplo. Ao dizer isso, não é preciso pensar em uma sociedade diferente do capitalismo. Podemos falar, de uma maneira pragmática, que a economia solidária e a tecnologia social são condições para tornar efetivo o dinheiro que o governo gasta para tirar as pessoas da miséria. É preciso dar condições para que essas pessoas se sustentem, pois, do contrário, provavelmente vão voltar para a miséria. Dar dinheiro por programas compensatórios é apenas a pontinha de um iceberg. Claro que tem sua importância, mas como vamos cuidar do resto?

Leia a entrevista completa na Folha Aqui

Carnavais pelo mundo











Veja a mostra de fotos no Boston.com Aqui

quarta-feira, 9 de março de 2011

Racismo no Chile - Um homem de cor é algemado por atravessar sinal vermelho

Os grandes projetos já estão aí, novos canaãs serão criados

Reporter 70
O liberal

��DENDÊ
Impactos
O deputado Valdir Ganzer vai tentar minimizar
os impactos negativos da implantação
de projetos de produção de dendê no Vale do
Acará, onde pequenos produtores deixam a
agricultura familiar pelo brilho dos salários
pagos por grandes empresas, a prostituição e
a violência aumentam com a chegada de trabalhadores
de outros Estados e os serviços
de saúde são precários. A região não se preparou
para receber esses projetos e a ordem,
agora, é buscar soluções, o que Ganzer fará
com as empresas já instaladas na região.

Ata do Copom e dados da China são destaques na semana


SÃO PAULO - A quarta-feira marca a retomada dos negócios após o feriado de Carnaval. Na agenda deste resto de semana, destaque para a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será apresentada amanhã. No front externo, atenção aos dados da economia chinesa, como balança comercial, produção industrial, vendas no varejo e inflação, que começam a sair na noite de hoje.

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os investidores ajustam posições depois dos dias sem pregão. Entre segunda e terça-feira, o comportamento dos mercados externos foi errático. Na segunda-feira, os índices americanos caíram conforme o barril de petróleo do tipo WTI subiu a US$ 105. Ontem, o pregão foi de recuperação em Wall Street, com destaque para as ações do setor financeiro. O Dow Jones subiu 1,03%, o S&P avançou 0,89% e o Nasdaq se valorizou 0,73%.

No entanto, as ações brasileiras negociadas em Nova York não acompanharam tal movimentação. O Dow Jones Brazil Titans, que lista os 20 recibos de ações (ADR) mais negociados, perdeu 0,21%, para 36.456 pontos.

No câmbio, atenção à possibilidade de ajuste de alta, já que na sexta-feira o preço no mercado futuro fechou em alta, refletindo notícias de que o governo prepara novas medidas para conter a valorização do real.

O mercado à vista não reagiu a tal noticiário, pois os negócios já tinham encerrado. Na sexta, o dólar comercial perdeu 0,42%, para R$ 1,645 na venda. Menor cotação desde 29 de agosto de 2008, quando a moeda fechou a R$ 1,635.

De volta à agenda, o dia reserva o Boletim Focus, do Banco Central (BC). No campo externo, saem os estoques no atacado nos EUA, a balança comercial da Alemanha e a produção industrial do Reino Unido.

(Eduardo Campos | Valor)

Mais um voo de galinha - Castro Lessa



Qualquer criança do interior sabe o que é voo de galinha. Curto, barulhento ao voltar para o chão. Vendo o gráfico de evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 1980 a 2010, não consigo afastar a imagem do voo de galinha. Em 30 anos, a maior taxa de crescimento do PIB foi no primeiro ano do general Figueiredo (9,2%), colhendo iniciativas da era militar. Figueiredo encolheria a economia à mediocridade absoluta, sendo que a galinha dá um pulo nos seus anos finais, crescendo 5,4% em 1984 e 7,8% em 1985. Qualquer um desses é maior que o Pibão, como foi denominado o crescimento de 7,5% no ano de 2010.
O governo Sarney, apesar do brilho do Plano Cruzado, assistiu a uma despencada para um PIB negativo em 1988. Após a Constituição, um pequeno voo de galinha e a economia do país se contrai com a posse de Fernando Collor. Vai lá pra baixo. O período é de mediocridade absoluta, salvo em práticas de apropriação de bens públicos.

No intervalo Itamar, FHC se credenciava e, em 1994, eleito presidente, praticaria por dois mandatos um crescimento médio do PIB (2,3% ao ano), superior apenas ao do Haiti. O crescimento rastejante acompanhou-se de dois pequenos pulos da galinha. O governo Lula, cuja média foi um pouco menos medíocre - 4% ao ano -, termina com o Pibão de 7,5% de 2010... Precedido pelo mergulho de - 0,6% no ano anterior. Tudo leva a crer que assistiremos a mais um voo de galinha, pois não será sustentado o aumento do gasto público e a reposição da ideia de desenvolvimento permanece encabulada.

Quero cotejar esses 30 anos de esvoaçar cacarejante, no nível de chão de galinheiro, com médias históricas anteriores. Média de 1951/1960: 4,3% ao ano. Média do regime militar: 6% ao ano. Em termos de participação no PIB mundial, a economia brasileira caiu de 3,91% em 1980, para 2,92% em 2010 (estimativa do professor Reinaldo Gonçalves). Com seu esvoaçar precário, o Brasil somente poderá ganhar posições se alguns países europeus quebrarem.

O melhor dado de 2010 foi a pequena elevação da taxa de investimento de capital fixo. Foi uma taxa robusta de crescimento em relação a 2009, quando houve uma contração de 10,3% do investimento. Entretanto, o Brasil continua um pigmeu em relação a uma China, que pratica uma taxa de investimento de 40% do PIB, ou de uma Índia, acima de 30%. O Brasil tem uma taxa de 18,4% do PIB em 2010.
Com a inflação seguindo indexada a itens como a eletricidade, o povão é punido pelos altos preços do que o Brasil exporta, e que se refletem internamente nos alimentos e pela dificuldade de geração de novos empregos e elevações salariais. O investimento privado fica inseguro ante o anúncio de cortes de gasto público e persistência dos problemas de infraestrutura. A componente inquietante é reforçada quando se tem presente o crescimento do crédito em relação ao PIB e à visível curva ascendente da inadimplência de 2009: 5,9% para 8% em 2011. Leia mais no Valor Econômico Aqui

sábado, 5 de março de 2011

TRAJETÓRIAS DO DESENVOLVIMENTO

Da ilusão do crescimento ao imperativo da sustentabilidade 




Este livro é um amplo levantamento – em linguagem clara e comunicativa – das variadas concepções do desenvolvimento que se sucederam ao longo das últimas décadas: das teorias clássicas às marxistas, das teorias institucionalistas às do desenvolvimento sustentável. Percorrer essas ideias e conhecer seus formuladores proporciona ferramentas indispensáveis para debater os impasses do mundo de hoje.

Mas o debate sobre os desafios do desenvolvimento, como lemos aqui,, é uma consequência direta da grande depressão dos anos 1930. No âmbito da polarização entre o socialismo intervencionista e o capitalismo keynesiano, os economistas mergulharam numa rica e polêmica discussão sobre como reduzir a vulnerabilidade às crises, as mazelas da pobreza e do atraso e as incertezas quanto ao futuro. Os trinta anos que se seguiram ao final da Segunda Guerra foram decisivos em termos de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento, com a convergência das dimensões econômica e social.

A crise fiscal do Estado, marcante nos anos 1970, obscureceu o tema, na medida em que crescia um certo desencanto quanto à real capacidade do Estado em promover o desenvolvimento. Tanto na academia quanto nas ações políticas, parecia que o debate voltaria à pauta das virtudes do mercado como regulador principal e fundamento da evolução dos negócios públicos e do bem-estar social.

No entanto, a emergência da questão ambiental, desde os anos 1970, ajudou a que as teorias (e práticas) do desenvolvimento fossem revistas e atualizadas, agora com a inclusão da dimensão ecológica como conteúdo indissociável da economia e do bem-estar. O conceito de sustentabilidade revigora e dá novo conteúdo ao debate.

Este livro tem o mérito de lançar luz, de forma didática e atual, sobre o tema. A releitura de autores clássicos do desenvolvimento é agora apresentada com o foco também na sustentabilidade. Com isso, ganham os estudantes e pesquisadores, que passam a dispor de uma obra de referência clara, objetiva e de grande atualidade. Ganham também os tomadores de decisão, que encontrarão no texto bases relevantes para as políticas públicas.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Finep - Financiamento para inovção

Ao tomar posse no fim de janeiro do comando da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, Glauco Arbix, especialista em politica industrial e inovação, deu um sinal da razão de ter sido escolhido. Ele foi taxativo: "O Brasil precisa de um choque de inovação em todas as esferas e dimensões, na economia e na sociedade", disse. Falou em "mobilizar o Brasil para inovação", mas lembrou que "a inovação é uma combinação de processos, conclusões e síntese de eventos anteriores". E reconheceu: "Não há varinha de condão. Há travessia, criação e uso intensivo de conhecimento processado por pessoas".

Educação - Universidades lançam cursos voltados para o mercado "verde"


A preocupação do mercado com o impacto social e ambiental dos negócios está fazendo as universidades brasileiras criarem cursos de graduação que tenham a sustentabilidade como um de seus principais pilares.
Nos últimos anos, os currículos de bacharelados e licenciaturas têm ganhado novas ênfases como biodiversidade, agroecologia e energias renováveis. Mesmo com enfoque "verde", as escolas não deixaram de lado a empregabilidade dos recém-formados, fechando parcerias com empresas e adaptando seus conteúdos às necessidades das companhias nas regiões onde atuam.

A maior parte dos novos cursos se concentra em áreas como engenharia e agronomia. A formação técnica, no entanto, passa a ser complementada por disciplinas que relacionam a atividade produtiva ao impacto social e ambiental. "Como essa é uma questão cada vez mais valorizada pelas indústrias, os alunos precisam ter formação multidisciplinar, com uma visão moderna desse novo mercado", afirma Carlos Carneiro, coordenador do curso de engenharia mecânica: energias renováveis e tecnologia não poluente da Universidade Anhembi Morumbi, criado no ano passado.

A instituição abriu recentemente uma graduação em engenharia ambiental e sanitária. Ambos os bacharelados já possuem parcerias com indústrias e um laboratório de estudos em produção limpa. "As empresas brasileiras já têm a consciência de que produzir de forma mais eficiente envolve menos impacto ambiental e gastos de energia. Isso exige profissionais que tenham perfil e formação especializados", afirma Carneiro.

O futuro da produção de energia também motivou a criação do bacharelado em engenharia de energias renováveis e ambiente, na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em 2006. Inicialmente dirigido ao agronegócio, o curso, que fica em Bagé, no Rio Grande do Sul, voltou-se para as tecnologias renováveis. A mudança abriu portas para os alunos, uma vez que três parques eólicos estão sendo construídos na região. "O mercado de trabalho é amplo e abrange usinas de energia, renovável ou não, e qualquer indústria que tenha preocupação com a eficiência energética", afirma a coordenadora Cristine Schwanke.

Apesar de novo e ainda sem nenhuma turma formada, o curso já é o segundo mais disputado do campus, só perdendo para a engenharia de produção. "O currículo prevê uma mistura de conhecimentos básicos, específicos e profissionalizantes, sempre permeados pela parte ambiental", diz.

Incentivada pelo Governo Federal por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a interdisciplinaridade também é a marca do curso de agroecologia e biotecnologia da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), com campus em Santarém. Com 200 recém-ingressos, a nova graduação começou as aulas em 24 de fevereiro.

Segundo João Ricardo Gama, diretor do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da instituição, os alunos escolhem a ênfase que vão dar ao curso após o segundo semestre. No final, os formandos podem ter diplomas de farmácia, agronomia, engenharia florestal ou zootecnia. No futuro, os estudantes ainda poderão escolher a especialização em engenharia de alimentos.
Todas as graduações têm a sustentabilidade como viés principal. "O objetivo é promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, passando pela transformação da biodiversidade em produto", afirma Gama. Segundo ele, a demanda na região é grande para profissionais com essa formação. "Além de empresas e órgãos públicos, há possibilidade de atuação em assentamentos e comunidades de agricultura familiar."

A agricultura familiar, inclusive, foi a principal motivadora do curso de agroecologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), criado em 2009 e já na sua terceira turma. A coordenadora do curso, Anastácia Fontanetti, acredita que a ênfase nas pequenas comunidades não limita a atuação do profissional. "O curso foi criado para atender à necessidade do mercado, que exigia profissionais de agronomia com visão mais ampla tanto da parte produtiva quanto dos impactos ambiental e social."


O escopo abrangente, na opinião da coordenadora, torna o profissional com essa formação apto para trabalhar em mercados locais, com certificação de produtos orgânicos, e nas grandes empresas. "Nessas companhias, o agroecólogo pode atuar com restauração de áreas degradadas, avaliação e perícias de impacto ambiental", explica.

A relação candidato/vaga do curso, que é oferecido no campus de Araras, no interior de São Paulo, quase dobrou este ano em relação a 2010. O aumento do interesse dos alunos tem feito com que a coordenação busque parcerias com empresas e órgãos públicos. "Já recebemos pedidos de indicação para assistência técnica em agricultura orgânica", comemora. O futuro da profissão, segundo Anastácia, é promissor. "A agronomia é uma atividade que está se valorizando no Brasil. A agroecologia vai além e atende a essa demanda de sustentabilidade, que será cada vez mais cobrada do profissional."

Valor Econômico