terça-feira, 6 de novembro de 2012

Tipping point? Pesquisadores alertam para um colpaso do planeta


Tipping point? Não precisamos nos preocupar. Recebi um paper de um leitor sobre  investimentos privados em conservação da natureza bastante alvissareiro. E as ações de sustentabilidade que crescem exponencialmente com o destroçamento dos ecossistemas e o fim dos 22 serviços ecológicos que dão sustentação a todas formas de vida terrestre?



Os investimentos privados possuem um track record excelente, embora tenham ignorado por completo seus impactos ambientais e sociais. Entre as conquistas temos a comida mais venenosa de todos os tempos que provocou a fatalidade de um em cada dois homens ter algum tipo de câncer ao longo de suas vidas e uma em cada três mulheres. Somos assombrosamente os bichos da Terra mais submetidos a doenças degenerativas que já se teve notícia por aqui. Uma conquista e tanto. E essa conquista só tende a aumentar: o número de diabéticos da China aumentou dez vezes desde que chegou lá o fast food e os relatórios comemoram com o impulso que vai dar no sistema de saúde. Chocante, porque não há nem porque esconder a alegria com os resultados atingidos.



Outra conquista importante, são as condições atmosféricas urbanas que se tornaram tão nefastas que hoje quase 100% de crianças e idosos sofrem de doenças respiratórias e um percentual até morre, aumentanto o setor de sepultamento. Sequer enxergamos essa exemplar destruição da camada atmosférica, totalmente irrefutável e não suscetível a qualquer desvario da negação do aquecimento global. Na verdade, nós não enxergamos mais nada, quase que literalmente e alguns mais afortunados conseguem mudar de cidade, o que impulsiona as regiões interioranas para levar lá o mesmo tipo de “desenvolvimento”. Tudo se resolve, mesmo que seja pela expansão da pior cadeia de atividades produtivas que se tem notícia desde que inventamos a roda.



Com todas essas conquistas luxuriantes como track record, agora temos investimentos privados, private equity ou precificação para conservação da natureza. Tudo isso muito provavelmente com o propósito único de testar se a unicidade planetária de seres vivos e ecossistemas é realmente válida, porque essa seria condição sine qua non para evitar o fim da vida e para não precisar mudar radicalmente um modelo que está nos lançando na direção da nossa própria extinção.



Ironias a parte, sabemos que de onde poderiam ver as verdadeiras críticas, isso não acontecerá; de onde poderia realmente vir as mudanças no sistema de produção, não virá. Tanto o poder econômico quanto intelectual conseguem se confundir a ponto de não saber mais onde começa nem onde termina o erro no qual nos enfiamos e nem lembramos ou reconhecemos que apenas somos psítacos repetindo da maneira que nos convém as verdades que já foram ditas por tantos antes de nós, como Georgescu.



Adicionalmente, não dá para negar que as evidências atuais do planeta já seriam desconcertantes e mobilizadoras se algum resquício de bom senso nos tivesse restado.



Pela nossa total falta de bom senso e interesse próprio individualista extremamente aguçado, só iremos acordar não quando a evidência for desconcertante, mas quando ela atingir um número de pessoas suficiente para deixar bem claro que até mesmo a fantasilândia onde poucos de nós vivemos nesse planeta será destroçada a qualquer momento.

Aí iremos mexer nossos traseiros. Mas quase com certeza será tarde demais. A biologia tem toda razão em declarar que a espécie humana é a mais estúpida desse planeta, pela sua incapacidade de interagir harmoniosamente com as demais espécies vivas e os ecossistemas, sem os quais não somos nada. Não são só os físicos que se assombram com as bobagens escritas por Paul Krugman, David Romer, Joseph Stiglitz, etc. Os biólogos também não são muito misericordiosos conosco e com razão. Depois falamos dos paleontólogos que contam por dia o desaparecimento eterno de espécies animais e vegetais e podem, à diferença das espertas dúvidas com o aquecimento global, apontar com bastante clareza os culpados. Também não dizem com muito alegria que “é muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá se voltar contra a natureza.”

Menos desmatamento até 2020



O Brasil se comprometeu a reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% em 2020, tendo por base a média registrada entre 1996 e 2005; e do Cerrado em 40%, também daqui a oito anos, se comparado com a média verificada de 1999 a 2008. Essas metas, consideradas ambiciosas pelos especialistas da área ambiental, estão descritas no âmbito da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e foi um dos tópicos da explanação do analista do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago Oliveira. Na tarde de quarta-feira (31), ele participou de audiência pública na Comissão Mista de Mudanças Climáticas (CMMC) do Congresso Nacional, destinada a debater os planos de prevenção e controle do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, e o plano de agricultura de baixa emissão de carbono.

Oliveira disse aos parlamentares que o desmatamento no bioma da Amazônia é o menor dos últimos oito anos, pois houve uma redução de 77% em 2011, se comparado ao índice registrado em 2004. “O Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM) e o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) são as maiores contribuições do Brasil para a mitigação da mudança climática justamente no setor que mais contribui para as emissões de gases de efeito estufa, o setor de mudança de uso da terra e florestas”, salientou.

Também participaram do debate promovido pela CMMC o especialista em meteorologia do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Alaor Dall´Antonia, e o coordenador do Programa de Mudanças Climáticas da WWF-Brasil, Carlos Eduardo Rittl. A audiência pública foi presidida pelo deputado Márcio Macedo (PT-SE). (Fonte: Luciene de Assis/ MMA)

Chefe do FMI elogia Brasil e vê fim de desaceleração chinesa










 A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, avalia que a economia brasileira entrou em processo de recuperação e é um dos destaques positivos no cenário global deste fim de ano. Lagarde, segundo apurou o Valor, fez essa avaliação em discurso informal, ontem à noite, em um jantar oferecido aos participantes do G-20, na Cidade do México.

No jantar, Lagarde comentou que havia dois "destaques positivos" na situação global, no fim de 2012. Uma é a retomada do crescimento da economia brasileira. Outro destaque, na visão de Lagarde, é que a desaceleração da China teria sido finalmente interrompida.
Dólar


Os países do G-20 devem se comprometer com políticas cambiais mais transparentes, segundo informou nesta segunda-feira uma fonte de uma das delegações que participam do encontro de autoridades financeiras na Cidade do México.
Os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países do G-20 vão divulgar, até o fim do dia, um comunicado no qual se comprometerão a caminhar mais rapidamente em direção a taxas cambiais determinas pelo mercado, segundo fontes ouvidas pela Dow Jones Newswires.
No comunicado, o G-20 dirá que seus membros vão se abster de desvalorizações cambiais que tragam vantagens competitivas, segundo uma fonte.
Com Dow Jones Newswires

© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O pensamento único, o ENEM e o achismo do Ministro

O Movimento Imigratório para o Brasil no Século 21.


Sem noção, falaram alunos que renderam o ENEM, referindo-se ao tema da redação.


Forçação de barra, falavam outro. O tema foi acertado com Lula e Dilma, para elogiar o "crescimento da economia" brasileira, dizia uma moça na porta da UFPA.

Veja a declaração do Ministro de Educação. Achismo puro.

“Temos uma comissão competente que considerou, entre tantas sugestões de tema, este o mais adequado. Ele pressupõe a capacidade de articular informações e refletir sobre o momento que o Brasil está vivendo. O Brasil é um país que teve uma diáspora, mas com a estabilidade, a democracia, hoje atrai povos. Acho que é um tema bastante contemporâneo, desafiador e não previsto".

Sim, o Ministro acha, que  o tema deve ser contemporâneo. Achismo. 

Tão contemporâneo que praticamente não existe literatura sobre o assunto, que permita construir uma argumentação teórica fundamentada, fora do que falam alguns jornais ou declarações do Palácio do Planalto sobre a COPA e outros eventos, onde se pressupõe que haverá grandes investimentos.

Seguramente o Ministro se inspirou naquela propaganda do Ronaldo que diz que o Brasil é a bola da vez...

Isso é diminuir a construção de um discurso sobre a imigração para o Brasil. Qual tendência migratória que supere à dos japoneses do século passado ou as dos latino americanos, também do século passado. A dos Haitianos, Quantos já vieram para o Brasil?, e quantos bolivianos entraram pelo Acre?. Chute, porque existe pouca informação estatística sobre o assunto.

Por que no se fala logo que o que o Ministro e o Governo pretenderam foi forçar a construção de um discurso onde se elogiasse o governo Lula que, segundo muito se fala, abriu as portas para a imigração de algumas comunidades de países da América Latina (Só Bolívia) e Caribe.

Eu não soube de chilenos que imigrassem para o Brasil em busca de oportunidades de trabalho, ou de argentinos...

Se a "competente" designada pelo ministro tivesse mais imaginação poderia ter falado sobre o que uma suposta imigração reversa, que acho ainda não da para um texto de redação do ENEM.

Mas o pensamento único constrói seu discurso como pode, até sem argumentos, nem fundamentos. Como não sabem que a história se mede por tendências, qualquer panfleto é suficiente....

Como se fosse pouco, agregaria que o tema do ENEM foi escolha política partidária. Valorizou demais as Ciências Humanas (muito lero, lero) e puniu as Ciências Exatas. O que Brasil mais precisa...



Brasil melhora participação em ranking global de inovação

O País conquistou duas novas posições no ranking mundial de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) elaborado pela consultoria americana Booz & Company.


O Brasil, que nas últimas duas edições anuais do levantamento era representado por cinco companhias, agora conta com sete. À lista - que tinha Petrobras, Vale, CPFL Energia, Totvs e Embraer - foram adicionadas Gerdau e Companhia Paranaense de Energia (Copel).

"A inserção dessas duas empresas não surpreende porque são companhias de setores de capital intensivo [energia e siderurgia] que precisam de P&D para dar eficiência na aplicação desses recursos", disse ao Valor Gustavo Roxo, sócio da Booz & Company no Brasil.

Das empresas que constavam nos levantamentos anteriores, todas melhoraram suas colocações. A maior evolução foi registrada pela CPFL Energia. A companhia saltou 71 posições e passou da 705ª para a 634ª. O levantamento é realizado desde 2005 e leva em consideração as mil maiores empresas de capital aberto do mundo.

Com o resultado das companhias brasileiras, o país somou US$ 3,7 bilhões, um incremento de US$ 1,6 bilhão na comparação com o estudo de 2010. Isso fez com que o país quase dobrasse sua participação nos gastos globais com P&D. A parcela do Brasil, que foi de 0,39% em 2010, ficou em 0,63% em 2011.

Na avaliação de Roxo, o desempenho do Brasil é positivo, mas as empresas brasileiras precisam evoluir muito seus investimentos para que o país possa se aproximar de nações emergentes como China e Índia. Juntos, os dois países registraram o maior aumento em recursos para P&D no mundo no ano passado: 27,2%, somando US$ 16,3 bilhões. Deste total, a China respondeu por mais de 90%. O país tem mais de 40 empresas na lista das mais inovadoras. A Índia, apesar de ter um volume de investimento (cerca de US$ 2 bilhões) menor que o do Brasil, tem nove empresas na lista.

A questão, segundo o especialista, não é só aumentar o volume de dinheiro aplicado nessa atividade, mas também ter mais atenção à classificação desses aportes dentro dos balanços. "Muitas dessas informações às vezes não estão claras nos balanços. Gastos com P&D acabam entrando como investimento normal. E é importante ressaltar isso até para valorizar o que a empresa faz", disse.

Globalmente, os investimentos em P&D das mil maiores empresas cresceram 9,6%, para US$ 603 bilhões. É o segundo ano consecutivo de crescimento, depois de recuos ocasionados pela crise econômica mundial entre 2008 e 2009. De acordo com Roxo, a retomada dos investimentos foi estimulada pelos Estados Unidos. "Os EUA, de certa forma, servem como referência para os investimentos em P&D no mundo. O sentimento de retomada da economia por lá é um forte estímulo", disse. Os investimentos das empresas americanas cresceram 9,7% em 2011, pouco acima da média mundial (9,6%).

Em 2011, a montadora japonesa Toyota assumiu a liderança da lista da Booz. Com um aumento de 16,5% em seus investimentos em P&D, a companhia chegou a quase US$ 10 bilhões em recursos aplicados, o que a fez passar da 6ª colocação para a primeira. O resultado permitiu à Toyota desbancar a farmacêutica Roche, que liderou as listas de 2009 e 2010. Com retração de 2,1% nos investimentos (US$ 9,4 bilhões em 2011 ante US$ 9,64 bilhões em 2010), a Roche ficou na 3ª colocação, e ficou atrás da também farmacêutica Novartis.

Na lista das dez companhias que mais investem em P&D no mundo, duas são do setor automotivo, quatro da área farmacêutica e quatro de tecnologia da informação. Na avaliação de Roxo, esses setores, em relação a outros segmentos, exigem aportes mais altos das companhias para se diferenciarem dos concorrentes.

Pelo segundo ano, nenhuma empresa do mercado de TI figurou na lista das três maiores investidoras em P&D. Duas companhias do setor, no entanto, tiveram altas de investimento bem acima da média, o que ajudou a elevar suas posições no ranking: Intel (27,3% a mais de investimento, passando da 11ª para a 8ª colocação) e Samsung (13,9% de incremento, subindo um degrau, para a 6ª colocação). Os setores de computação e eletrônicos lideraram os investimentos em P&D, com 28% do total.

Valor Econômico
Terça-Feira, 30 de outubro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Novo Pacto Federativo - Campos se une a Aécio

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), dois nomes cotados para a eleição presidencial de 2014, já estão afinados no discurso da necessidade de um novo pacto federativo no País. A desconcentração das receitas que estão com a União e o fortalecimento dos Estados e municípios são uma bandeira antiga do senador tucano - herdada de Itamar Franco -, que foi adotada mais recentemente por Campos, na esteira das eleições municipais.

Veja também:
Eduardo Campos afirma que será fiel ao Planalto
PT supera PSDB em eleitores de MG e SP
Em recado a Eduardo Campos, Lula diz que apoiará Dilma em 2014




Embora no plano federal participem de bases distintas, PSDB e PSB são aliados no âmbito estadual e caminharam juntos, nas eleições de outubro, na disputa por cidades importantes como Belo Horizonte e Campinas - onde a aliança derrotou candidatos apoiados pelo ex-presidente Lula e a presidente Dilma.

Campos inseriu as expressões "novo federalismo" e "pacto federativo" no seu repertório logo após o resultado do primeiro turno. Provocado a falar sobre eventuais planos de disputar a Presidência, ele lançou o mote: a rediscussão de um novo pacto federativo é mais importante do que ficar discutindo 2014.

"Temos que olhar para o novo debate que precisa ser feito pós-eleição, o debate do novo federalismo", disse Campos, também presidente nacional do PSB.

Aécio afirma que se trata de "uma questão central". "Os prefeitos eleitos devem aproveitar para comemorar muito suas vitórias e começar, a partir de depois de amanhã, a se preocupar com o que vão receber. Porque há um processo de fragilização enorme dos municípios no Brasil. O governo federal tem sido muito pouco generoso com os municípios. As ações do governo são na linha da concentração. Essa certamente é uma das questões que subsidiam nossa proposta", disse o tucano ao Estado.

"Essa mobilização por um novo pacto federativo, a reforma da Federação, é essencial."

O senador tucano também critica "a pouca participação ou a diminuição progressiva da participação do governo federal" no financiamento da saúde e na área da segurança pública nos Estados.

Alinhados. Na mesma linha, Campos tem dito que os repasses federais por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) devem permitir não somente custeio dos municípios e Estados, mas investimentos em saúde, educação, mobilidade, habitação e segurança pública.

"Os municípios precisam das condições para realizar seu papel na estruturação das políticas públicas nas mais diversas áreas", disse o governador, que saiu reforçado das urnas.

O PSB foi o partido que proporcionalmente mais cresceu nas eleições municipais. A legenda aumentou em 42% o número de prefeituras em relação a 2008 - passou de 310 para 440 - e conquistou cinco capitais. "A vitória eleitoral traz mais responsabilidade e é preciso usar a força política à disposição de boas causas", ressaltou Campos.

A defesa de um novo pacto federativo será um dos temas do seminário que Campos organizará em janeiro com todos os 184 prefeitos eleitos de Pernambuco. O encontro irá debater os desafios dos novos gestores nos próximos quatro anos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Lula, Dilma e PT apostaram na polarização, surgiu a 3ª Via

PSB diz não querer mais cargos de Dilma

Fernando Rodrigues (UOL)

Em nota oficial, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que “repudia toda e qualquer informação de que pleiteia cargos no governo federal”.

Esse boato circula em Brasília depois que o PSB emergiu como um dos mais vitoriosos partidos nas eleições municipais deste ano. Vai governar 5 capitais, ficando no topo do ranking.

Eduardo Campos tem interesse em eventualmente ser candidato a presidente da República em 2014 ou 2018. Para mantê-lo dentro da aliança que elegeu Dilma Rousseff em 2010, a administração federal petista estaria acenando com mais cargos para o PSB em Brasília.

Aí o PSB soltou a nota.

É um ato curioso. Todos os dias há um boato em Brasília sobre um ou outro partido estar recebendo ou pedindo cargos. É incomum ver um partido soltar uma nota oficial para debelar um boato cuja origem nem é conhecida.

Ao falar em público que não deseja ver seu espaço ampliado no governo Dilma, o PSB emite também um outro sinal. Prefere ficar do tamanho que está porque fica mais fácil desembarcar do governo federal, se for o caso, mais adiante.

Eis a íntegra da nota:



NOTA DE REPÚDIO

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) repudia toda e qualquer informação de que pleiteia cargos no Governo Federal. Nenhuma declaração oficial ou pessoal foi autorizada nesse sentido, carecendo, portanto, de sustentação as insinuações veiculadas em órgãos da imprensa.

O partido não se manifestou – e não manifestará – qualquer intenção nesse sentido, porque o apoio ao governo Dilma é desdobramento da aliança que vigorou nos dois mandatos de Lula, firmada desde a campanha de 1989.

O PSB integra a base de sustentação do governo Dilma e honra seu compromisso na luta por um Brasil melhor, economicamente forte e socialmente mais justo. O cenário global é complexo e as forças de esquerda devem estar unidas para enfrentar os desafios que se apresentam.

Temos também presente a necessidade de dar prioridade às novas administrações que o povo brasileiro nos confiou nesse pleito. Uma das melhores formas de proteger a sociedade e, sobretudo, de proteger as classes menos favorecidas, é fazer uma boa gestão honesta e eficiente. Fazer o debate político foi uma grande contribuição do partido nessas eleições. O PSB discutiu programas e marcou posição.

Essa é uma vitória que deve ser festejada por todos os democratas.

Dirceu está se “sacrificando” por Lula, afirma ex-mulher

Dirceu e Genoino pagam por Lula, diz primeira mulher de ex-ministro

 Em entrevista, Clara Becker insinua que o ex-presidente sabia do mensalão. E assegura que seu ex-marido “não é ladrão”


A família do ex-ministro José Dirceu (Casal Civil) já se prepara para o pior: sua condenação em regime fechado por envolvimento com o mensalão. Enquanto o Supremo Tribunal Federal não decide a pena, parentes já planejam como serão as visitas na cadeia. A refeição da penitenciária é uma das preocupações, pois ele é reconhecido como um sujeito bom de garfo. "Meu medo é que ele se mate na prisão", chora Clara Becker, 71 anos, sua primeira mulher e mãe de seu filho mais velho, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).

Casados por apenas quatro anos na época da ditadura militar, ela é amiga próxima do ex-marido há mais de três décadas e tem certeza de que "Dirceu não é ladrão". "Se ele fez algum pecado, foi pagar para vagabundo que não aceita mudar o País sem ganhar um dinheiro (...) Se ele pagou, foi pelos projetos do Lula, que mudou o Brasil em 12 anos", afirma, referindo-se ao pagamento a parlamentares da base aliada que receberam dinheiro para votar a favor de propostas do governo do ex-presidente Lula, segundo a denúncia do Ministério Público.

Para ela, militantes do PT como Dirceu e José Genoino, ex-presidente do partido, estão sendo sacrificados. "Eles estão pagando pelo Lula. Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando", indigna-se.

"Sabe, é muito sofrimento. Uma vez peguei meu filho chorando de preocupação com o pai. E minha neta, Camila, também sente muito."

Desde que começou o julgamento da ação penal 470, Dirceu diminuiu sua exposição pública. Para se poupar de constrangimentos, ele evita circular com desenvoltura, ser visto em Brasília ou jantar fora - seu passeio predileto. Agora, o ex-todo-poderoso do governo Lula lista quem são seus amigos fiéis e os recebe em sua casa de São Paulo ou na de Vinhedo (SP). No fim de semana do dia 7 de outubro, eleição municipal, ouviu ao telefone uma ordem expressa: "Benhê, limpa a área que eu tô chegando". Era Clara avisando que lhe faria uma visita na casa do interior paulista e deixando claro que não queria dividir a atenção do ex-marido com mais ninguém - nem com a atual namorada dele, Evanise Santos. Clara saiu de Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, levando em um isopor uma peça de carneiro temperada no vinho branco e alecrim. Instruiu a empregada a deixar a carne três horas no forno, enquanto aguardava o anfitrião chegar em casa.

Quando ele apontou no portão, ela ouviu também uma voz feminina. Chispou escada acima e se trancou no quarto, alegando enxaqueca. Só desceu quando seu filho bateu na porta e avisou que a "dor de cabeça" já havia ido embora. Depois do fim de semana de comilança e champanhe, Dirceu despediu-se dela, dizendo: "Preciso ir embora mais cedo para São Paulo, tenho que eleger o (Fernando) Haddad". ;.;.;.; Parente. "Hoje gosto dele como se fosse meu parente, mas já sofri muito. Sabe aquele homem que é tudo o que pediu a Deus? Pois Deus me deu e me tirou", sorri. Clara, que conta nunca mais ter namorado depois de viver com o ex-ministro, foi casada, na verdade, com Carlos Henrique Gouveia de Mello, um jovem órfão paulistano de origem argentina, pessoa que nunca existiu, a não ser no disfarce adotado pelo então subversivo banido do Brasil e procurado pelo regime militar.

Clara sabia que o marido guardava um segredo. Imaginou que ele tivesse uma família em outra cidade, mas que teria fugido "da bruxa da mulher dele e se ele quer ficar comigo e não com ela, deixe ele aqui, né?", lembra. Só quando a anistia política foi decretada, em 1979, foi que José Dirceu contou à mulher quem realmente era, apontando uma foto dele e de outros exilados em recorte de jornal. "Pensei assim: 'Ai, era isso? Grande coisa', porque nem estava por dentro do que aquilo significava."

Sua preocupação foi ter registrado o filho com o nome de um pai fantasma. Mas compreendeu a importância da mentira. Também diz não ter-se magoado quando, assim que voltou a ser Dirceu, mudou-se para São Palo. "Ele até quis que eu fosse junto, mas não dava, eu estava com filho pequeno, ajudava minha família e ele nem salário tinha, só queria saber de fundar essa miséria desse PT", conta ela, que é petista roxa, com direito a uma piscina nos fundos de casa decorada com a estrela e a legenda do partido em minipastilhas.

Arrependida.
Para ela, o único golpe foi ir a São Paulo e encontrar cabelos pretos de mulher no banheiro. Descobriu que era traída. "O Dirceu me disse: 'Se eu tenho outra é um problema, agora se a gente vai se separar é outra questão'. E eu: 'Não, senhor, acabou aqui, cara'. Peguei minhas coisas, o moleque pela mão e fui embora. Hoje, me arrependo, se eu não tivesse deixado o campo limpo, estaria com ele...", imagina.

Ela diz já ter preferido ser viúva a ver Dirceu "cada dia mais bonito" indo em sua casa visitar o filho todo mês. Depois se convenceu de que seria melhor para Zeca ter o pai por perto e sempre cedia sua cama para o ex-marido dormir com mais conforto, mesmo que ele não tenha contribuído com um centavo de pensão. Clara acha que nunca foi amada por ele. "Dirceu nunca amou nenhuma mulher nessa vida, viu? O que ele amou foi a política e pode ir preso por isso", diz. "Agora que o cartão de crédito acabou, quero ver quem vai lá visitá-lo", provoca.

Em um de seus últimos encontros com o ex-marido, Clara o fez chorar: "Eu disse a ele: 'A nossa ampulheta está acabando, você não se tocou, hein, garoto? Mas se um dia você precisar de mim, eu venho cuidar de você'. Ele ficou todo apaixonado e prometeu que ia me comprar um cordão de ouro igual ao que o ladrão me roubou. Mas não comprou, né, só falou..."



DÉBORA BERGAMASCO - Agência Estado

O Gato subuiu no telhado....

Valério ‘depõe’ à Procuradoria e menciona Lula

A língua de Marcos Valério amolece na proporção direta da aproximação da cana dura. O operador do mensalão prestou depoimento à Procuradoria da República, informam os repórteres Ricardo Brito e Fausto Macedo. Deu-se em setembro, numa audiência com o procurador-geral da República Roberto Gurgel.

Valério informou que tem o que dizer. Em troca de proteção, ele se dispõe a colaborar. Tomado pelos nomes que levou à mesa, o provedor das arcas do mensalão é portador de segredos insondáveis. Citou Lula e o ex-ministro Antonio Palocci, dois nomes que não constam do processo sob julgamento no STF.

Contou que fez outras remessas de dinheiro ao exterior além daquelas que foram parar na conta de Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha de Lula em 2002. Informou que foi ameaçado de morte. E insinuou que dispõe de informações sobre outro caso: o assassinato do ex-prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, morto em 2002.

Para prover os detalhes, Valério pede para ser incluído no programa de proteção a testemunhas. Algo que, no limite, poderia livrá-lo da cadeia. Após avistar-se com o procurador-geral, formalizou o pedido em fax enviado ao STF, conforme já havia sido noticiado no início da semana.

Destinatário do documento, o ministro Carlos Ayres Britto, presidente do Supremo, definiu-o como “hiperlacônico”. Disse ter remetido a peça ao relator do mensalão, Joaquim Barbosa. Determinou que fosse analisada sob sigilo. Por isso, absteve-se de dar detalhes.

Um eventual depoimento de Valério já não teria o condão de alterar os rumos do julgamento do STF. Ele já foi condenado a mais de 40 anos de prisão. Porém, suas revelações poderiam ter serventia em processos que ainda aguardam julgamento no próprio STF e na primeira instância do Judiciário. São desdobramentos do inquérito do mensalão. Há, de resto, o caso do mensalão do PSDB de Minas Gerais –uma parte corre no STF e outra na Justiça Federal, em Belo Horizonte.

Na hipótese de Valério ser levado a sério, ele seria incluído no programa de ‘assistência a vítimas e a testemunhas ameaçadas’. Previsto em lei, assegura proteção do Estado. O ex-parceiro de Delúbio Soares teria de ser enviado a um local desconhecido. Na prática, a proteção evitaria o cumprimento da pena de cadeia.

Dependendo do que Valério disser, a troca pode ser justificável. Primeiro porque o degredo não deixa de ser um castigo. Depois, poque o país tem o direito de conhecer os detalhes de tudo o que se passou no assombroso período de 2002 a 2005. Também merece conhecer os meandros do caixa clandestino que besuntou a malograda campanha reeleitoral do tucano Eduardo Azeredo ao governo mineiro.