domingo, 31 de março de 2013

Proteína é a nova palavra mágica para os alimentos




Quando a General Mills Inc. quis introduzir duas novas barras de cereais na sua linha de lanches, ela escolheu a mesma palavra para promover as vendas: proteína.

A proteína é a palavra em voga que está ajudando a vender muitos tipos de alimentos. As empresas do setor estão colocando rótulos com mais destaque nas embalagens e adicionando proteína a produtos como bebidas, barras e cereais.


"É uma daquelas raras coisas que têm muitos significados diferentes para muitas pessoas diferentes e todos eles são positivos", diz Barry Calpino, vice-presidente de inovação da Kraft Foods Group Inc.



As mães acreditam que um alimento com proteína dá ao seu filho energia antes da prática do futebol e também a ajuda a perder peso ao fazer com que ela se sinta satisfeita, segundo pesquisas de várias grande companhias alimentícias como Kraft, Kellogg Co e General Mills. Um funcionário de escritório considera um "snack" energizante melhor do que um doce no meio da tarde. Um frequentador de academia o vê como uma forma de ganhar músculos. Todos acham a proteína saudável.


Um rótulo que cita proteína tem um efeito que os pesquisadores chamam de "auréola da saúde" e vai além da simples promessa da proteína. Quando as pessoas vêem a palavra, elas também acreditam que o produto irá fazer com que se sintam mais alimentadas ou dar a elas energia.


Os americanos precisam de mais proteína nas suas dietas? Organizações de saúde, inclusive o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dizem que, na média, os americanos amantes de carne na verdade consomem mais proteína do que o necessário, o que aumenta a ingestão calórica diária. (As diretrizes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos recomendam que um adulto médio consuma entre 10% e 35% das calorias por meio de proteínas.)


As tendências dos rótulos mudaram rapidamente, perseguindo as últimas novidades de saúde. Em 2010, muitos consumidores estavam sendo cortejados por rótulos de produtos que afirmavam que eles eram livres de xarope de milho rico em frutose, segundo dados da firma de pesquisa de mercado Nielsen. Agora, está aumentando a quantidade de produtos classificados como livres de glúten, de hormônio e de ingredientes geneticamente modificados.


Mas as empresas vêem a farra da proteína como parte de uma tendência maior de consumidores que levam cada vez mais em conta a sua saúde ao escolher seus alimentos.


No início deste ano, a Kraft lançou a mistura Planters Nutrition Sustaining Energy, cujas caixas destacam que cada porção tem 10 gramas de proteína. A companhia também está considerando divulgar a proteína na frente das embalagens dos seus queijos e outros produtos enriquecidos com o composto.


Quando as pessoas comem alimentos que prometem ser uma boa fonte de grãos integrais, fibra ou proteína, "isso faz você se sentir inteligente como consumidor, que você fez algo bom para você mesmo", diz Doug VanDeVelde, vice-presidente de marketing e inovação de alimentos na Kellogg's. Nos próximos meses, a Kellogg's planeja lançar a bebida "Breakfast to Go", promovendo em sua embalagem que consumir 10 gramas de proteína ou 5 gramas de fibra é "agora tão simples como girar uma tampa".

Nas últimas décadas, os consumidores responderam a mensagens como "baixa gordura", "pouco açúcar" e "sem colesterol". Agora, mais da metade dos consumidores estão procurando por mais proteína e fibra para o café da manhã, diz VanDeVelde.

Um produto com a palavra proteína no seu nome não precisa conter uma quantidade mínima de nutrientes, mas todas as descrições das embalagens dos alimentos devem ser verdadeiras, de acordo com as regras da agência reguladora do setor, a Food and Drug Administration.

Se o rótulo diz "boa fonte de proteína", então a FDA determina que o produto tenha ao menos cinco gramas de proteína por porção.


A empresa Silk desenvolveu a bebida "Fruit & Protein" para atrair consumidores em busca de proteína e suco no café da manhã, diz uma porta-voz. O produto, lançado no ano passado, contém cinco gramas de proteína por porção, uma a menos que o leite de soja Silk Original porque o suco dilui o leite de soja, diz Craig Shiesley, diretor de bebidas à base de plantas e para a região do Canadá da marca Silk, que pertence à WhiteWave Foods Co.

Outro efeito dessa auréola de saúde é que os consumidores frequentemente reagem aos rótulos de formas não muito lógicas. Quando vêem rótulos que classificam o produto como orgânico, os consumidores dão a eles outros atributos, menos calorias ou mais valor nutritivo, diz Brian Wansink, professor de comportamento do consumidor e diretor do Laboratório de Alimentos e Marcas da Cornell University, no Estado de Nova York.

A Dole Food Co., maior empresa de frutas e vegetais frescos dos EUA, promoveu por dois anos um estudo para descobrir quais referências à saúde nas embalagens mais agradam aos consumidores. As pessoas querem saber mais do que simplesmente quais vitaminas estão presentes no produto. "É algo como 'que bem isso faz para mim?'", diz Chris Mayhew, vice-presidente de marketing da Dole Fresh Vegetables. No ano passado, a embalagem do couve-flor da Dole passou a conter informações como "vitamina C, que ajuda e retardar o efeito do envelhecimento" junto com sugestões culinárias. Outras grandes preocupações são pele e sistema imunológico saudável, clareza mental, saúde do coração, altos níveis de energia e ossos fortes, afirma a Dole.

Por SARAH NASSAUER



sábado, 30 de março de 2013

Escolas investem em cursos de inovação voltados para gestão

A necessidade de ganhos de produtividade em um cenário de concorrência acirrada e de participação crescente dos países emergentes na economia mundial está levando as empresas a enxergar a necessidade de inovar em caráter permanente, integrar e internacionalizar suas atividades de pesquisa e desenvolvimento - além de adotar mecanismos para controlar e mensurar o processo.

Nesse contexto, as instituições acadêmicas brasileiras têm aumentado a oferta de programas de educação e treinamento voltados para a gestão da inovação.

"Nos últimos anos tem sido grande a demanda nessa área", afirma Ruy Quadros, coordenador do curso de gestão estratégica da inovação, especialização do departamento de política científica e tecnológica da Unicamp. Segundo ele, o objetivo das empresas é fazer mais e melhor em uma área de recursos nem sempre fartos e de resultados incertos.

O programa da Unicamp está em sua sétima turma, sem contar as versões "in company", e tem sido aperfeiçoado para ganhar perfil cada vez mais "mão na massa", como define seu coordenador. "É um curso muito prático, que discute os desafios das empresas na gestão de pesquisa e desenvolvimento (P&D)". Voltado para profissionais com experiência, ele funciona como uma espécie de laboratório, no qual são simuladas, testadas e debatidas questões como custeio à pesquisa, acesso ao financiamento e relacionamento com órgãos de fomento, além da interface com outras áreas, unidades ou empresas. Além de professores especialistas da própria instituição, alguns módulos são ministrados por professores convidados e profissionais de empresas inovadoras.

Na linha oposta, o Coppead, instituto de pós-graduação em administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não tem um curso específico, mas inclui o tema em todos os seus programas de pós-graduação e também na educação executiva. A ideia é tratar inovação como parte integrante e vital da estratégia, diz o professor Roberto Nogueira, responsável pelos cursos. Ele considera essencial a inovação na economia brasileira, "que padece de baixa produtividade, apesar do pleno emprego". Para Nogueira, a inovação precisa se tornar um processo orgânico, caso contrário o núcleo de P&D vai passar a maior parte do tempo tentando vender as novidades para outras áreas da companhia.




Na Fundação Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo (USP), a visão predominante é que a inovação é um dos pilares da competitividade e, portanto, precisa abranger todos os aspectos: tecnologia, modelo de negócio, tratamento de recursos humanos, processos, logística, marketing e outros. "Todos os segmentos têm de estar atentos", diz Isak Kruglianskas, coordenador de MBA da FIA.

A instituição abriu este ano a 21ª turma do MBA Conhecimento, Tecnologia e Inovação, cujo objetivo é capacitar empresas a tomar decisões de inovação dentro de uma visão estratégica. Segundo Kruglianskas, trata-se do curso com público mais diversificado da FIA, que já planeja as primeiras aulas on-line para as próximas turmas.

Faz parte do programa um módulo internacional não obrigatório com a Universidade de Bentley, em Boston. Kruglianskas destaca a atualidade do MBA e sua interação com outras instituições de ensino internacionais, com o Massachusets Institute of Technology (MIT) e a Harvard Business School, além de visitas a empresas de excelência em inovação, como 3M e Embraer.

O Insper, por sua vez, interrompeu seu curso de gestão da inovação no ano passado para reformulá-lo. Ele volta em agosto sob o título de inovação e estratégia e será focada em gestão. "Vamos oferecer as ferramentas necessárias para a implementação de áreas de inovação", explica Rodrigo Amantea, coordenador da área de educação executiva do Insper. "O curso será voltado para organizações que queiram formar profissionais e criar práticas inovadoras em suas culturas".

Segundo Amantea, o programa terá um seminário de dois dias com David Palmer, especialista de Harvard. Da escola americana também serão usados uma série de estudos de caso e o recém-lançado simulador Black Bay. Nele, os alunos são submetidos a "dilemas de tomada de decisão" sobre inovação.

Gestão Estratégica da Inovação é o tema do curso da Fundação Dom Cabral, com foco na discussão de novos métodos de criação de valor pela inovação, exploração da área como estratégia empresarial e implementação de cultura de inovação dentro das companhias. A instituição também oferece esse conteúdo no modelo "in company".

Já a FGV In Company trabalha a formulação de nove propostas de cursos customizados. Um dos grandes desafios é usar a inovação de forma permanente, diz Goret Pereira Paulo, diretora do FGV In Company. "É possível aprender com o fracasso, mas isso não é valorizado pela maioria das empresas. A cultura de acertar sempre é o maior inimigo de um processo de inovação", diz. Em sua opinião, o curso personalizado traz "vantagens significativas" para as organizações, uma vez que é desenvolvido para atender a situações específicas.

Empresas e profissionais dispostos a gastar cerca de R$ 25 mil por seis dias de curso podem recorrer à prestigiada IMD Business School. As aulas são na sede, na Suíça, ou nos Estados Unidos. Voltado para a gestão de inovação e estratégia, o programa se propõe a fazer os alunos a vivenciarem situações que levem à inovação, afirma Bill Fischer, professor de gestão da inovação da IMD. Entre outros temas, o curso aborda gestão eficaz, dinâmica das cadeias de valor, aceleração da comercialização de mercados e ideias inovadoras.
Por Eduardo Belo | Para o Valor, de São Paulo

terça-feira, 26 de março de 2013

Porto de Eike Batista causou salinização da água e do solo, aponta estudo



Por Assis Ribeiro

Do Brasil de Fato

Porto de Eike Batista causou salinização da água e do solo, aponta estudo

As obras de construção do porto do Açu, da empresa LLX, do empresário Eike Batista, causaram a salinização da água doce distribuída para o consumo e irrigação de lavouras no município de São João da Barra (RJ). O estudo foi realizado pelo Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), entre outubro e dezembro do ano passado.

A Associação de Geógrafos Brasileiros, que acompanha o processo na região desde 2011, constatou, há um mês, o avanço da salinização também nas terras do Açu. O grupo se deparou com depósitos de sal no solo, o que indica ser o início de um processo de desertificação.

Este avanço da salinização das águas e do solo, segundo a associação, decorre das obras do estaleiro que está sendo construído no Complexo Industrial e Portuário do Açu. De acordo com os geógrafos, um canal de 13 km de extensão e com profundidade entre 10,5 e 14,5 metros está sendo escavado, promovendo a penetração de água do mar nos lençóis freáticos e nos solos da região.

A água fornecida aos moradores da região apresenta salinidade entre cinco e sete vezes superior à do rio Paraíba do Sul. Já a água encontrada em área de pasto, na comunidade de Água Preta, possui salinidade semelhante à do mar: 820 vezes maior que a de água doce. Esta água é drenada para o canal Quitingute, utilizada para a irrigação de áreas agricultáveis da Baixada Campista.

De acordo com os geógrafos, na região tem se verificado perda de lavouras e áreas queimadas de pasto sem razões aparentes. O governo do estado, por meio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e a própria OSX Brasil já reconheceram a existência deste processo.

Diante desse panorama, a Associação de Geógrafos Brasileiros pede a suspensão das obras do Porto do Açu. Solicita ainda que sejam realizados estudos de impacto ambiental mais isentos e aprofundados no qual que seja considerado o conjunto dos impactos que podem decorrer da instalação do porto e do complexo industrial previstos para a região.