sexta-feira, 1 de abril de 2016

Os acovardados irão receber pagamento pela proteção ao Lula


Cláudio Humberto - Diário do Poder


01 DE ABRIL DE 2016
ACORDÃO QUER LIVRAR POLÍTICOS DE MORO, COMO LULA
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de blindar Lula do rigoroso juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, criou o precedente que o governo queria. O Palácio do Planalto trabalha há semanas em um “acordão” com setores da Justiça, para que políticos sem mandato (e sem foro privilegiado), como o ex-presidente, flagrados na gatunagem da Petrobras, sejam julgados no STF e não por Moro.


‘CONCILIAÇÃO’, O PRETEXTO
Ministros do PT juram que o objetivo do acordão não seria livrar os políticos de condenações, mas abrir caminho à “conciliação nacional”.


MOTIVO REAL DO CONCHAVO
Como Lula, vários ex-deputados e ex-ministros, atualmente sem foro privilegiado, têm medo de ser julgados pelo juiz Sérgio Moro.


MÃO PESADA DE MORO
Como Lula, o Planalto acha que o juiz federal criminal Sergio Moro, ao contrário dos ministros do STF, condena à prisão sem hesitações.


MINISTRO FUX AVISOU
O risco de precedente, pelo qual o Planalto se empenhava, aberto ontem com a blindagem de Lula, foi citado no voto do ministro Luiz Fux.





quinta-feira, 31 de março de 2016

Produção de castanhas alia renda e preservação


No coração da Amazônia peruana, as castanheiras se destacam, soberanas, na floresta densa. 


Max Milligan/The Body Shop

Por Andrea Vialli
Valor Econômico 

No coração da Amazônia peruana, as castanheiras se destacam, soberanas, na floresta densa. É o final da estação chuvosa, período em que a safra da castanha amazônica está em seu auge. De uma altura de até 60 metros, as árvores derrubam seus frutos, os ouriços ­ que, graças à sua grossa casca, resistem intactos até a colheita. Os ouriços são abertos com facões pelos extrativistas e revelam de cinco a dez castanhas, que são acondicionadas em grandes fardos de 75 kg na própria mata e dali seguem em uma logística complexa, que inclui homens fortes, tratores e barcos, até a cidade de Puerto Maldonado, principal centro urbano da região de Madre de Dios, sudeste do Peru, onde são beneficiadas.

A intrincada cadeia de fornecimento da castanha amazônica ­ conhecida pelo restante do mundo como castanhado­Brasil, embora também floresça no Peru e na Bolívia ­ une gente simples da floresta a gigantes do mercado de cosméticos, ávidas por insumos da biodiversidade dos trópicos.

Com habilidade para unir essas duas pontas, a Candela Perú, uma empresa de porte médio fundada em 1989, tornou­se uma referência em negócios sociais no país. Inicialmente criada com o intuito de comercializar artesanato e produtos típicos peruanos com o restante do mundo, suas atividades começaram a mudar com o avanço do desmatamento e do garimpo ilegal de ouro na Amazônia peruana. A partir daí, a Candela Perú voltouse para o fomento do extrativismo sustentável, com o objetivo de atrair os pequenos produtores para a produção de castanhas e desestimular o corte de madeira.

No Peru, as áreas de florestas são de propriedade do Estado, mas o governo destina concessões de uso da terra por até 40 anos a pequenos proprietários, que devem se comprometer a utilizar as áreas para pequenas lavouras e extrativismo. Nesse cenário, a Candela Perú passou a trabalhar diretamente com os concessionários, que se tornaram os principais fornecedores da empresa. Desenhou uma estratégia em sintonia com o movimento fair trade (comércio justo), que começava a ganhar força na Europa e tem como princípio a correta remuneração dos agentes produtores, além da prática de pagar adiantado 50% do valor da produção estimada para a safra.

Um dos objetivos da Candela era eliminar os intermediários da cadeia produtiva da castanha, para que os extrativistas pudessem receber um preço mais justo pelo produto. "Iniciamos as atividades como uma organização sem fins lucrativos, agrupando potenciais fornecedores e buscando compradores para os produtos da

floresta de origem não madeireira", relembra Gastón Vizcarra, presidente e co­fundador da Candela ao lado da esposa Guadalupe Lanao, gerente geral da empresa.

A etapa seguinte foi agregar certificados de produção orgânica, que também permite maior valorização no preço do produto, e buscar compradores que demandassem grandes volumes. O grande passo nessa direção foi dado em 1991, em uma viagem à Inglaterra, quando os donos da Candela Perú souberam do interesse da marca inglesa de cosméticos The Body Shop, famosa por utilizar ingredientes de comunidades tradicionais em sua cadeia de suprimentos, nos ativos da região amazônica. Em pouco tempo nascia uma relação comercial das mais robustas e duradouras.

A Candela Perú tornou­se a única fornecedora de óleo de castanhas para a marca, que utiliza o insumo em 40 produtos diferentes, como xampu, sabonetes e hidratantes. Em 2015, das 35 toneladas de óleo de castanhas produzidas pela Candela, um total de 30,4 toneladas foram compradas pela The Body Shop.

Outras empresas do segmento de cosméticos também compram o óleo de castanha, como a inglesa Lush, mas em volumes menores. "Conseguimos nos tornar um elo entre os extrativistas e os grandes compradores, com garantia de um padrão internacional de qualidade e preço justo", diz Guadalupe Lanao, gerente geral da empresa.

O contrato com a The Body Shop garantiu volume firme de compra e deu novo impulso à produção, permitindo agregar mais fornecedores ao longo do tempo. Hoje a Candela Perú compra as castanhas colhidas por 158 concessionários de reservas extrativistas da região de Madre de Dios, e criou um programa para envolver os castaneros ­ como são conhecidos os extrativistas ­ em boas práticas socioambientais, o que inclui treinamento sobre manejo dos recursos florestais, evitar a prática de caça, ainda comum na região, e o fogo em áreas de roçado.

A castanheira necessita do ecossistema preservado para continuar produzindo ­ sua polinização, por exemplo, é feita por uma espécie de abelha que só é encontrada em áreas de floresta primária. A dispersão das sementes também só é possível graças a um roedor endêmico da região amazônica. Na prática, a demanda firme para a castanha produzida na região contribui para a redução do desmatamento seguido de queimadas, comum em toda a Amazônia.

"Estimamos que as compras de óleo de castanha ajudaram a proteger 8.570 hectares de florestas na região de Madre de Dios. É um impacto significativo por tratar­se de uma relação comercial, não de um projeto filantrópico", diz Cristina Archer, responsável pelas cadeias de suprimento sustentáveis da The Body Shop.

Com um faturamento de US$ 5,7 milhões em 2015, a Candela Perú hoje é uma empresa de médio porte fortemente dependente da cadeia da castanha, que responde por nada menos do que US$ 4,9 milhões das vendas.

As duas plantas industriais ­ em Puerto Maldonado e Lima ­ empregam 99 trabalhadores, a maioria mulheres. Elas respondem por 75% da força de trabalho da empresa: na unidade de Puerto Maldonado, que recebe as castanhas diretamente dos concessionários, as mulheres dominam o minucioso processo de seleção das castanhas. Em geral, as inteiras e graúdas são destinadas a exportação; as menores e ainda inteiras, para o mercado interno e produtos beneficiados, como azeite e farinha; e as quebradas, para a produção do cobiçado óleo.

Segundo Vizcarra, o potencial de diversificação dos negócios é grande, e a empresa quer crescer apostando em outros insumos da biodiversidade amazônica. "Estamos estudando o mercado e a viabilidade econômica para ativos como buriti, copaíba, cupuaçu e murumuru. Assim como a castanha, eles podem ser explorados em cadeias sustentáveis", diz o fundador da Candela Perú.

A jornalista viajou a convite da The Body Sho


LONDON LONDON










OLHARES






Olha ela
Ela olha
 Olho nela
   Olha ele...
 Nela olha
 Olhe ela!

Maria Delmond

Imagem:Olga Zavershinskaya | Geometria 
Fine Art Photography 
Galeria de Arte AFK, Lisboa 

Carlos Maneschy filia-se ao PMDB e será o candidato à PMB



Reitor da UFPA filia-se ao PMDB (Foto: Divulgação)
Carlos Maneschy (centro) assinou a sua filiação diante do ministro Helder Barbalho e do vice-presidente do PMDB, Romero Jucá (Foto: Divulgação)
O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Carlos Maneschy assinou ontem, em Brasília, sua ficha de filiação ao PMDB do Pará. O evento foi organizado pelo ministro dos Portos, Helder Barbalho, que é o presidente interino do partido no Estado. O vice-presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá homologou a filiação de Maneschy. Também participou da cerimônia o ex-ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha.

Para o ministro Helder Barbalho, a entrada de Maneschy no partido representa um engrandecimento para o PMDB paraense. “O professor Maneschy chega ao partido trazendo sua experiência acadêmica e administrativa”, afirma Helder Barbalho. Segundo o ministro, Carlos Maneschy vai contribuir com a construção de um projeto de governo para Belém.

“Nosso intuito é fortalecermos o PMDB para que o partido apresente um projeto para a capital que esteja à altura das necessidades da população”, diz Helder. Maneschy vai conduzir a UFPA até 2 de junho. De acordo com o reitor, sua entrada no PMDB pode contribuir para melhorar o quadro político do partido. “O que ofereço para a população paraense é a minha experiência administrativa e de gestão”, reforça.

CONTRIBUIÇÃO

A chegada de Maneschy ao partido foi também comemorada por outros peemedebistas. A deputada Simone Morgado lembrou que o reitor é um dos melhores quadros paraenses. Segundo ela, a política clama por pessoas que possam de fato contribuir para a melhoria de vida da população. “É uma grande honra fazer parte de uma equipe que passa a contar com um dos melhores nomes do Pará”, comemora Morgado.

(Luiza Mello/Diário do Pará)

terça-feira, 29 de março de 2016

A voz da rua


Dilma conseguiu construir, tijolo por tijolo, a sua ruína. Não claro, sem a preciosa ajuda de seu mentor. Por sobre toda a sua arrogância ela se achava intocável, blindada por uma carcaça protetora que ambos acreditavam inviolável: a inoxidável popularidade de Lula, que a esta altura já virou fumaça. Com uma capacidade absurda para atravessar a rua para pisar em cascas de bananas, Dilma comprou brigas que não eram suas apenas pelo gostinho de escorregar repetidas vezes em problemas que não precisava ter. Fim melancólico para uma cleptocracia que tão mal fez ao Brasil!

domingo, 27 de março de 2016

Mara Gabrilli renova o sonho de voltar a andar após conseguir mexer braços











Zanone Frassat/Folhapress Mara Gabrilli
Mara Gabrilli, 48, move sutilmente o braço e faz a mão empurrar uma alavanca que põe sua cadeira de rodas para andar, na sala de seu apartamento. Um gesto pequeno para quem vê, mas gigantesco para ela.

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Tetraplégica há 21 anos, por causa de um acidente de carro, a deputada federal pelo PSDB-SP começou há alguns dias a ir ao Congresso na cadeira nova, que ela mesma pilota. Até então, dependia de alguém para empurrá-la. "Me sinto como uma criança que descobre o mundo."

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"Ué, como de repente ela tá se mexendo?" é uma pergunta que ela tem ouvido. Mas a verdade é que não foi tão rápido assim. As conquistas aconteceram aos poucos, de cinco anos para cá. A região dos ombros, por exemplo, antes era imóvel e começou a ficar mais solta. "Eu já via avanços. Os outros é que não estavam muito ligados", diz ao repórter Joelmir Tavares.


O tratamento que resgatou parte dos movimentos envolve dois pilares: aplicação de choques, a chamada eletroestimulação, e exercícios que ela faz com cordas, tiras de tecido e suportes para ficar em pé.

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Numa manhã ensolarada de segunda-feira, antes de viajar para Brasília, ela inicia mais uma sessão das atividades. Para os choques, que contraem os músculos, uma de suas três funcionárias gruda eletrodos na pele dela e aciona um aparelho.

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No caso das pernas, uma assistente a segura por trás, em pé. "Brinco que elas é que tinham que pagar pra trabalhar comigo. Eu sou uma academia!" Com a eletricidade, as coxas ficam "uma tora", enrijecidas. "Rola uma serotonina forte", diz, rindo.

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"Foram anos e anos dando choques sem ter nenhum resultado visível. Mas eu acreditava que lá dentro tava acontecendo alguma coisa." A primeira vez que teve força suficiente para deslocar a cadeira foi no fim do ano passado. "A sensação foi de 'conseguiii!' [risos], uma felicidade muito grande. E me senti desafiada a continuar praticando." Tem treinado mais o braço direito, que não responde tão bem quanto o esquerdo.

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Parte dos fisiatras e fisioterapeutas, afirma ela, não prescreve a eletroestimulação. "Dizem que não promove movimento, que não tem serventia. Só que eu sempre achei que tinha. Que era melhor contrair uma vez por semana do que nunca."

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Mara cria os próprios exercícios com base no que aprendeu com especialistas desde que parou de se mexer do pescoço para baixo. Diz conhecer seu corpo melhor que ninguém. Com "físico de atleta", controla a alimentação e toma 60 suplementos por dia.

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A malhação é ao som de música agitada. No teto da sala e da varanda estão pendurados os suportes: cordas nas quais ela se amarra para executar posições de ioga e de pilates; um suporte de ferro em formato de cabide que desliza em um trilho; molas com tiras na ponta onde fica com as mãos suspensas, balançando pela ação da gravidade.

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"Agora eu até tenho esse negócio [para segurar a mão], mas antes a costureira fazia com pano, tiara de cabelo. É prego e elástico. Não tem segredo. Basta criatividade." Ela, que exibe nas redes sociais a rotina de duas horas diárias de exercícios, tenta mostrar as alternativas. "Dá pra ficar em pé com um aparelho nacional de choque que custa R$ 700", exemplifica.

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De família abastada, ela viaja aos EUA para fazer tratamentos, mas também utiliza serviços do SUS e da AACD. "Tenho consciência de como seria se tivesse nascido numa família pobre. Tudo que não teria, que não conseguiria."

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Mara é do tipo de pessoa que encara a vida com bom humor, acredita na ciência e não descrê da espiritualidade. "O primeiro livro que me deram na UTI depois que eu quebrei o pescoço foi 'A Cura Quântica', de Deepak Chopra. Ele explica como transformar energia em matéria, fazer pensamento virar condução elétrica, neurônio. Li, fechei o livro e comecei a trabalhar."

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Hoje em dia, ao encher os pulmões para se exercitar, relembra o medo que sentiu naquela época, quando ficou alguns meses respirando com a ajuda de aparelhos. "Parecia uma eternidade. E eu não falava, porque tinha feito traqueostomia. Minha grande conquista foi não precisar ficar presa na tomada. Me sinto muito poderosa por respirar. É a única coisa que faço sozinha, além de falar."

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Apesar de precisar de ajuda o tempo todo, ela faz o possível para o corpo não esquecer os gestos. A assistente que leva comida e água à boca de Mara segura junto a mão dela, simulando o movimento. O mesmo acontece no banho e ao escovar os dentes. A deputada ainda não é capaz, por exemplo, de levantar o braço.

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Em Brasília, faz pressão por um atendimento melhor para pessoas com deficiência. Circula pelo plenário de pé, presa pelo cinto ao encosto da cadeira, que fica na vertical. "O povo fala que eu empino carroça!", diverte-se.

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Quase na hora de sair de casa, ela é colocada na cadeira e pilota pela sala cheia de imagens de Buda ("Comprei uma e aí todo mundo começou a me dar de presente").

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Mara já estava mexendo os braços quando, neste ano, seguiu a dica de um amigo e começou a frequentar o centro do médium João de Deus, em Abadiânia (GO). "Você pode acreditar no que for, mas aquilo ali é muito forte."

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Durante sua cirurgia espiritual, soube que era o médico Oswaldo Cruz (1872-1917) incorporado no médium. Depois foi pesquisar e se surpreendeu: o sanitarista nasceu em São Luiz do Paraitinga (SP), mesma cidade onde ela sofreu o acidente em 1994, numa rodovia batizada com o nome de Oswaldo Cruz. "Pode ser coincidência, mas..."

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Deitada na maca, sob as ordens de João de Deus, ela conseguiu levar o braço até a barriga. "Ele falava: 'Vai, mexe o braço. Vai! Olha o tamanho da fila esperando!'. Assim, brigando comigo", diz ela, aos risos. "Acho importante arriscar. Porque, se eu tivesse o medo de me frustrar, eu não teria nem começado."

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Perseverante, Mara ganhou motivos para fermentar a esperança de voltar a andar. "Tenho a teimosia de acreditar nas informações que vêm do meu corpo. Nunca achei que eu tivesse um problema irreversível. Se aconteceu no braço, por que não pode acontecer na perna?"

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E segue: "Uma pessoa que fica tetra ouve: você vai ter ferida, ficar deprimido, nunca mais vai sentir, nunca mais isso, nunca mais aquilo. Foram esses os avisos que eu recebi. A única diferença é que o fofo do cirurgião falou pra mim que eu tinha 1% de chance de voltar a me mexer. Eu disse: 'Ah, valeu. Então tô no lucro'"